Dysvagando



segunda-feira, junho 24, 2002


Chuva, melancolia e um filme

Não tendo visto o filme mais perfeito para domingos chuvosos hoje, leio sobre ele. Apenas uma review (em inglês) já basta. "Monsoon Wedding", ou "Um Casamento à Indiana", tem chuva, monção eu diria, mas mais do que água tem felicidade em uma história que gira ao redor de uma cerimônia e onde tudo termina ainda na cerimônia, com ampla felicidade para todos.


Sobre o tempo, e o pensamento

Em silêncio ouço sempre as engrenagens do relógio quando ele está próximo aos meus ouvidos. Sinto às vezes que o tempo pára, pensa, respira e segue. Não sei quem se confunde, se meus ouvidos, o relógio ou meu cérebro que se entretem com o que penso. Enquanto tento focar minha atenção nos barulhos que vem do meu pulso.

Deve ser meu cérebro, que confuso e eternamente contundido por um excesso de memórias faz-se manifestar no meu peito um disconforto. Sentindo falta daquilo que quero ter. E mais ainda das migalhas dos toques perdidos na pele que anseio tocar, conhecer. Mas sonho acordado, mesmo sem ouvir o relógio e crio já memórias. Pequenas histórias que espero crer, não pertecem mais só a mim, mas também a quem ao meu lado, foi protagonista. Dos pequenos convívios, criam-se, ou crio eu, vínculos. Vícios no comportamento de duas pessoas que formam, sempre entre si, uma pequena história.

Até agora, nada existe, além do que penso, sozinho, ou do que conto a terceiros. Da outra parte, certas evasivas e um mistério, torturante. Uma incerteza com as minhas atitudes e mais dias seguindo-se, sempre a frente. Tudo isso vivido após, ou antes do meio dia. AM, PM, Select, casa, posto de gasolina, praia, faculdade, shopping. Na rua confusa com o trânsito e no que penso maior confusão.



domingo, junho 23, 2002


Domingo, na chuva, no Rio.

De volta, ao volante, à rua.
Não chove mais
Sem frio.

Faltam passageiros,
Falta faz
Uma, a passageira.

Reflexo dos anseios
Das pequenas dores,
Os apertos no peito

Solto, sigo
Sem querer dormir
Falta quem passe,
Quem ande nas ruas.

Sinais fechados
Onde não pulsam as calçadas
Transbordando pedestres.

Volto pra casa,
Sozinho
É domingo, é tarde
Aperta-me o peito.

Saudades, ou anseios?



domingo, junho 16, 2002


Anjo de uma noite

Sinto,
Uma única
Presa, firme
Lágrima

Corressem como rios
Não conheceria
Delas,
Nenhuma

Conto
Nos lábios
Salgado sabor
Uma a uma.

Lágrimas
Amores,
Que me passaram

Fracionaram,
deixando-me
Um, só.

Lembro
Daquelas
Soltas, livres
Que salvei.

E sinto
Lágrimas
Sinceras

Presas
Nos olhos,
Eternamente
Presentes.



sexta-feira, junho 14, 2002


Sobre Amor e Medo

Jesus também está "na luta" para arranjar um bom partido. As interessadas deveriam ler a Primeira Epístola Universal de João.

== 1 João 4:18: No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.



PROCURA DA POESIA

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
Não aquece nem ilumina.

As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem: rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que .se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara: ermas de melodia e conceito,
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


Carlos Drummond de Andrade



quinta-feira, junho 13, 2002


Um mestre

Fazer dos outros palavras suas, colar da mente, de livros ou da internet, conteúdos diversos. Gracejar a vida, contemplar o ar, ou mesmo seres invisíveis. Mas de que serve escrever sem produzir um livro e versejar ser tecer poemas.

Três frases de um mesmo poeta.

"O problema não é inventar. É ser inventado hora após hora e nunca ficar pronta nossa edição convincente."
§
"Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros. Minha obra é pública."
§
"Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. "


Vida cotidiana

Pior que um pedaço de feijão num dente da frente,
ainda mais chato do que milho preso em todos os dentes,
É quando cai um pedaço de banana
Entre as teclas do teclado.



Não íntimo, apenas citadino.

Gostaria de achar fácil assim, um vizinho blogueiro.
Mas falta um metrô tão completo ao Rio de Janeiro.

Falta tanta coisa para o Rio ser Nova Iorque
Graças a Deus.

== nyc bloggers
- There are a million blogs in the naked city. Here?s where to find 867 of them.


Postar sobre todas as porcarias que vejo na internet, melhor não escrever nada. Falar bobagens soltas que veêm à minha cabeça. E nem assim.... nem nunca, se está sozinho.



quarta-feira, junho 12, 2002


Intimidade próxima, mas não a minha.

Hoje a falsa irmã que nunca tive completaria 21 anos. Pouco menos que minha própria idade. Depois dela, não houveram mais Natais, perdeu-se uma certa inocência. Fecharam-se para sempre portas, através da jovem vida precocemente encerrada.


Às vezes seria bom, dar férias, ou uma folga ao estômago. Impossível. Parece ser insáciavel o constante pulsar atrás de energia que se manisfesta. Calorias, constantemente sendo queimadas, necessitando serem repostas, mesmo que só se queira dormir.



terça-feira, junho 11, 2002


Íntimo demais

Declaração de amor à musa por hora sem nome:

Desafio-me a envolver-te
Não com peso ou força
Tal qual o vento forte
Que circunda firme

Proponho-me não sentir-te
Tensa ou presa
Com meus braços dominantes
Que manipulam direções

Esperançoso quero ter-te
Com meus braços soltos
Ou fixos, talvez tortos
E os teus, as suas, tudo teu
Rumando junto
Conforme acordo não escrito
Apenas na tez, implícito

Na pele, nos olhos
No pensamento silencioso
Do que sentimos
Não dito, apenas
Realizado, em estado bruto.


Eu no South Park

Cara de mau, piscadela da morte. Auto-retrato de mim mesmo no South Park.

>>>>>Achado aqui.



.
Agora ficou mais fácil ter um bicho de estimação!

Enquanto isso a SUIPA tentando usar os métodos tradicionais de adoção. Obrigando os pretendentes a donos de animais de estimação a obrigações quase que judiciais. Muito além do DECRETO LEI Nº24.645, DE JULHO DE 1934 assinado pelo Presidente Getúlio Vargas. Ficou decretado entre outras coisas a tutela do Estado sobre todos os animais, punição contra maus tratos, os animais que podem ser usados para tração e outras normas.


Sobre um artigo no New York Times.

Polêmica entre os "tecnicos do weblog" e os usuários de 11 de Setembro. Os pioneiros que desenvolveram a tecnologia e agora parecem sofrer de ciúmes das pessoas que após 11/09 fizeram uso da ferramenta que é o blog, para divulgar seus pensamentos partidários a princípio sobre os atentados e agora sobre todas as coisas. O conflito entre os dois grupos se deve principalmente ao fato que os "nerds" da técnica hoje em dia tem menos espaço na mídia do que os war-blogs, ou blogs políticos.

>>>>Notícia achada nesse post do "None of the Above", um blog em inglês. Para ver a íntegra no NYT é necessário um cadastro gratuito.

>>>>OS DOIS LADOS:

== Techies
- CamWorld: Thinking Outside a Box, A Weblog
- Blogroots. (As raízes do blogs?!)
- Scripting News

== Warblogs
- InstaPundit.Com
- Blog Nation: The Book (Fazendo um livro das visões dos blogueiros sobre o 11 de setembro)
- KEN.LAYNE.DOT.COM
- Matt Welch

== Neutro
Uma escritora, seu blog, suas opiniões (yourish.com). Sobre a mesma matéria, uma música.


Talvez num circulo voluptuoso, de informações, vivências, fatos e passagens, possa encontrar algo. Até lá, aos anos que me resta, vivo. Aos que me restaram, cicatrizo. Pois sinto o tempo passar e com ele, minha pele, tudo no meu corpo e tudo no que sou, cicatrize-se. Somente para novamente, ferir-se. Deixando marcas, profundas. Ou talvez rasas, impercetiveis e por vezes, simplesmente, inverossímeis.

Não há maior verossimilhança do que fatos, chapados, grudados ao rosto. Tapas na cara. Melhores sendo, os tapas que não houveram, substituidos por mãos de seda, delicadas, femininas, percorrendo o rosto, reconfortando um corpo, uma mente.



terça-feira, junho 04, 2002


Para complementar mais um, o viciante jogo, também em flash. Só que do do Bob Esponja, Calça Quadrada. O Spongebob, Square Pants - Flip or Flop Game.

O site oficial tem mais alguns jogos e outras bobagens. O jogo da alimentação das enchovas não é tão bom quanto o Flip or Flop, mas passa o tempo.



segunda-feira, junho 03, 2002



Um jogo, passatempo para aquelas horas em que o tédio domina, ou simplesmente quando a espera se faz necessária. Pong, clássico jogo do Atari, em versão 3D. Sóbrio já é difícil, bebâdo deve ser ainda mais impossível.

>>>>Caprichado site de uma "game house", ou "game developer" sueca.