Dysvagando |
quinta-feira, novembro 28, 2002
Qualquer dia desses tive um sonho...
Era mais ou menos essa foto, e com certeza o sonho se inspirava nela. Mas era mais clautrofóbico. Um prédio, qualquer prédio, onde todas as janelas estavam voltadas não para o horizonte, mas só se viam mais paredes do mesmo prédio. Causou enorme disconforto e pensando sobre o sonho, milhares de associações. Lugares que passei, com maior ou menor frequência, locais de trabalho de alguns conhecidos, ou moradia de outros. As mesma desordem urbana que faz pulsar a mim e a tantos outros, aos poucos sufoca. Era como estar dentro de um dos piores projetos arquitetônicos de Copacabana. Nada mais agressivo do que a densidade absurda da "princesinha do mar". Cada palmo livre no chão, tem de corresponder a vários metros, suspensos pelo concreto. Não se pode ver a frente, tendo que ser erguido um novo bloco, mais moradores. Ao invés de calçadas, carros, ao invés de praças, vagas. Nem mais o romântico bondinho de Santa Tereza parece ter sentido no Rio Contemporâneo. Substituido, ainda que não completamente, por microônibus coloridos e por kombis e seu disconforto. Cruzando o túnel da Rua Alice e subindo mais ladeiras até encontrar os trilhos cravados no asfalto, sinto uma saudade impossível, dos tempos que não vivi, da cidade que não conheci. Restam-me apenas fotografias amareladas que vejo de tempos em tempos. De hoje em dia, apenas a memória dos modernos habitantes, pendurados nos mesmos bondes de outros tempos. Da cidade antiga, o que resta vejo aos poucos ser destruido. Uma casa antiga cai e torna-se um "grande lançamento". - A foto é de André Arruda e foi tirada a mais de dez anos na escadaria ao lado do antigo cinema Ricamar, na av. Nossa Senhora de Copacabana. Hoje o Cinema virou o "shopping cultural" Sesc-Rioarte, abrigando a Sala Baden Powell
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