Dysvagando



domingo, março 10, 2002


Andando pelo Rio, cruzo ruas, ultrapasso. Sigo meu rumo sozinho junto ao cavalo explosivo que controlo tudo se move e continuo quase que imprudentemente imóvel, sentindo o frescor condicionado que circula um ar sem comunicação com o exterior, circulando sempre, gelado. Quanto mais rápido e sem pausas sigo, mas o ar que apenas gira ao meu redor, torna-se gélido. As músicas que tocam, são interrompidas por anúncios, ou por silêncios e barulhos de engrenagens que não ouço, um pequeno leitor que se move de faixa, lendo uma nova.

São tantos barulhos, luzes tortas, faróis altos. Só resta aguardar ansiosamente a escuridão dos meus sonhos os quais estarão esquecidos pela manhã, ou quando se abrirem os olhos. Ao invés de sonhos restarão tarefas, múltiplas atividades a serem cumpridas e novos deslocamentos, não tão rápidos quanto os dos fins de semana, não tão claros como os do domingo de sol mas muitos dentro do cavalo explosivo que leva até cinco passageiros, malas e quem sabe esperanças, amizades, lembranças. No entanto, durante a semana, leva apenas mais alguns metros cúbicos de aço que ajudam a tornar ainda mais inviável o fluxo de veículos nas ruas do Rio.

Trânsito que não escoa e corações aflitos, presos em suas redomas de vidro, confinados em companhia de estranhos em um enorme ônibus todos igualmente sentindo fluir a vida, mas estagnados em seus deslocamentos diários.