Dysvagando |
terça-feira, janeiro 29, 2002
Vejo o tempo passar e envelheço. Sei precisamente quantas semanas fazem que não corto as unhas, basta olhar quão grande estão. Em 28 dias crescem um centímetro, em duas semanas estão no tamanho ideal para serem cortadas, e em uma semana ainda estão curtas demais.
No meu corpo, ainda não pesam os anos, apenas algumas semanas, e os meses em que vi crescendo aos poucos meus cabelos. Também os dias, às vezes semanas, em que cresceram os pelos no rosto. Mas sei que aos poucos ainda pulso. Talvez só aos 24 anos comece a envelhecer, morrendo talvez, dia após dia... Sempre com as unhas e os pelos crescendo. Meço o tempo também através dos olhos que precisam de lentes novas a cada seis meses, dos pés que necessitam calçados novos de tempos em tempos, das roupas que com o passar dos meses rasgam-se, desbotam-se, veêm surgir buracos, manchas, descosturam-se. Não me atormentam os segundos e seus intermináveis e imutáveis centésimos. Incomodam-me as semanas que sempre terminam e que marcam-me dia a dia sem que eu veja, sem que as cicatrizes se aflorem.
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