Dysvagando |
domingo, novembro 11, 2001
Vinícius de Moraes e sua Receita de Mulher. Cada um tem a sua, mas com certeza os elementos que o poeta descreve são por assim dizer "apaixonantes".
Pra mim mulher tem que ter pele. Pele sedosa, pela macia, pela cremosa, pele que acabou de se banhar, pele banhada pela chuva, banhada pelo suor do amor, e de outros calores. Não precisa de cremes franceses, de loções, emulsões ou qualificações, basta ser apenas bem tratada. Limpa quando se espera limpa e simplesmente traga conforto quando o mundo ao redor parece estar morto. E há de ser sensível ao toque, a todos os toques. Os mais fortes, os de carinho, os felizes, os amorosos, os calorosos, os saudosos e os suaves. Mas que não seque a pele quando morrer o amor e que preservada fique a memória do toque e os cheiros fracos ou fortes. Pois ainda que nunca mais sinta-se a pele da mulher amada há que permanecer pura na mente, a memória forte da pele, do corpo, da mente e se possível da alma. Mais valor tem o objeto amado que enquanto passado, é eternamente bem lembrado. Mas não basta viver de memórias e há de criar-se novas histórias e novas memórias das sempre belas mulheres amadas as quais se pode tocar.
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