Dysvagando |
segunda-feira, outubro 08, 2001
O mundo do trabalho.
Há coisas contra as quais não se pode lutar, realidades acima de qualquer questionamento e que nasceram antes de todos nós e de todos a quem podemos nos relacionar. A luta pela vida está intrisicamente ligada à luta pelo dinheiro e pelo reconhecimento que esse trás. Mesmo que não tem dinheiro para viver, vive do dinheiro, salvo as exceções naturalmente. Desde o mendigo na rua que pedindo esmola ganha mais do que muito trabalhador honesto, até os ricos capitalistas que ganham dinheiro simplesmente pelo fato de estarem respirando, tudo gira ao redor desse deus secular. Tem-se a quase que ingênua esperança de que o ataque ao templo do deus dinheiro em NYC possa trazer algum abalo na fé que o mundo ocidental tem no seu verdadeiro deus. Grande erro. Ainda assim, mesmo que o tudo gire ao redor de algo tão objetivo e raso, não é contra isso exatamente que se deve lutar. Mas contra o que? É certo nos conformarmos com a luta diária que todos passamos? Desde o escravo do capitalismo que advoga durante o dia, leciona à noite e chega diariamente em casa depois das duas da manhã, ao lacaio menos qualificado, que trabalha das onze da manhã às seis do dia seguinte com duas horas e meia de intervalo. Está certo que tenha que se pagar um preço tão alto pela sobrevivência diária? O mundo passou do estado de servidão ao da escravidão, e depois que interesses "maiores" proibiram a escravidão, chegou ao estado atual, da subserviência, onde o medo de que o grande deus dinheiro fuja de nossas mãos faz com que a única saída seja nos submetermos às regras impostas por uma conjutura incontrolável, imutável e que não se pode ao menos identificar os mentores, e/ou quem controla tudo. A independência não está em ter dinheiro, mas dentro de cada um. E por isso mesmo, até onde em se submetendo a uma conjuntura que nos agride, não estamos também perdendo a individualidade de sermos seres únicos e de olharmos para nós mesmos. Não são felizes os que têm todo o dinheiro do mundo, nem os que não tem nenhum, ou só o suficiente para a subsistência. Logo, a felicidade, assim como a independência não passa pelo dinheiro. De novo Buda e o "caminho do meio". Mas não é simplesmente esse o caminho. O mundo está lá fora, cada um dentro de si, então o melhor que se faz é olhar o mundo sabendo quem se é.
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